Getúlio Vargas na carta inédita- a primeira de algumas que guardo- parte 2
Como podemos ler acima- trecho do livro “ Os Dornelles com raízes em São Borja”- disponível em pdf na internet, meus avós casariam no finalzinho do ano de 1943. Ela perde o sobrenome Seabra e passa agora a assinar Laura Dornelles Gonçalves. Dona Laura e Dr Juracy: Meus avôs maternos. Aqueles que me amaram muito. Incondicionalmente. Me passaram os valores passados de geração em geração e tentaram com a minha pessoa, perpetuar as histórias e o valor dado aos nossos queridos ancestrais. (que Deus os tenha🙏🏼🙏🏼🙏🏼🙏🏼).
Meu avô, o qual também tenho muitas e muitas recordações para contar, apenas para resumir aqui, conhecera minha avó no final dos anos 30, enquanto os dois cursavam faculdade em Porto Alegre. Os cursos ficavam num prédio ao lado um do outro. Pronto: paixão avassaladora. Ele se formou em medicina. Fora vereador, prefeito municipal e fundador do partido PTB em São Gabriel- Rio Grande do Sul.
Colega de aula do ex presidente da República João Goulart, o Jango, no ensino primário, os dois selariam uma grande amizade até o fim. Já minha avó Laura se formaria em Educação Física. Ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre.
Logo após as bodas, o casal se muda da capital e passam a morar no município de São Borja, porém numa vila, um povoado pequeno, que ainda não havia se emancipado. Lá, meu avô exerce os primeiros anos de medicina.
Na primeira metade da década de 40, Getúlio Vargas estava no Rio de Janeiro. Época de grande efervescência política, onde ele, como presidente da República havia instituído o “Estado Novo”, (um governo ditatorial para muitos). Em 1945 ele perde a presidência para Dutra, retorna a São Borja, mas fica alguns meses apenas. Ainda no final do mesmo ano, ele volta para a capital fluminense, a fim de lançar-se como senador, o que em 1946, ele assume, com uma votação enorme.
Enquanto isso, no interior do Rio Grande, meu avô Juracy, esteve nas duas fazendas de Getúlio (Estância Santos Rei e Itú).
Entretanto, quis o destino que, nas vezes em que Getúlio esteve em São Borja nas suas fazendas, minha avó estivera apenas uma vez. Devido ao fato de meu avô ser fanático por uma pescaria, ele acabara vendo o ilustre presidente mais vezes.
Sei que você escreveu-me uma carta. Até agora, porém, não foi encontrada na volumosa correspondência que está sendo examinada.
Aproveito a visita do Dinarte, para escrever-lhe, agradecendo seu esforço e dedicação de amigo, em favor de minha candidatura.
Evoco, com emoção, nossa velha amizade de São Borja. Você, médico, e eu advogado, exercíamos nossas profissões, sem nos despreocuparmos das coisas do espírito e da evolução do pensamento, além do âmbito de nossas atividades.
Você simpatizante da escola de Le
Play, apreciava os estudos sociológicos e me indicava bons livros, que li com prazer e proveito.
Como vão longe esses tempos.
Em tantos mais tive o prazer de receber a visita de sua filha Laura, moça casada, que eu conhecera criança em São Borja.
Com esta faço - lhe a minha visita, envio lembranças a toda sua família e reafirmo-lhe minha constante amizade.
Getúlio Vargas
12-11-1950”
