Para a Condessa, um castelo como prova de amor.



A história da condessa que ganharia um castelo de seu esposo como prova de amor. Lydia cativou o coração de um diplomata. Ele, em um gesto para provar a nobreza e o tamanho de seu sentimento por ela, mandara construir um castelo. O castelo de Pedras Altas, no interior do Rio Grande do Sul.

     Desse modo, também tentaria amenizar um pouco o coração de sua bela, a saudade de suas longínquas terras, bem como de oferecer à Lydia todo o conforto em que ela estava acostumada a ter, como a sua criação nas altas cortes europeias. Por exemplo, havia sido aia no famoso casamento da Rainha Amélia de Portugal, com apenas 08 anos, em 1886.

     Portanto, a bela moça na foto é a nobre portuguesa, Lydia Smith de Vasconcellos Pereira Felício de São Mamede de Assis Brasil. Nascida em Bohn na Alemanha, em 1878. Neta do Conde e Condessa de São Mamede de Portugal pelo lado paterno. Pelo lado materno, era pertence a família Smith de Vasconcellos, e vinha a ser neta dos primeiros Barão e Baronesa de Vasconcellos, brasileiros, construtores do famoso castelo de Itaipava no Rio de Janeiro. 

    Dona Lydia casou com o diplomata, político, advogado, poeta, escritor e ex governador do Rio Grande do Sul,  Joaquim Francisco de Assis Brasil. Os dois se conheceram em uma viagem de navio, na época em que Assis Brasil era diplomata do Brasil em Portugal. Casaram-se em Maio de 1898, em Lisboa.

     Nascido no município de São Gabriel, no dia 29 de julho de 1857, seu pai fora um grande proprietário de glebas. Ele cresceu em contato com as rudes lidas do homem gaúcho do campo. Começou seus estudos em sua cidade, porém aquele pequenino lugar ficaria distante. E foi em São Paulo, que iniciava, na época de 1.880, aproximadamente, a sua notável carreira de advogado. Se destacando rapidamente, entrara para a política. Sempre um conciliador.

     Logo após  o enlace, o casal fora morar em Washington D.C. EUA, pois ele havia sido transferido de embaixada. Lá, nascem as suas duas primeiras filhas. Cecília em 1899 e Lídia em 1900.

    A fortaleza de pedra em estilo medieval só iniciou a sua construção no ano de 1908. Ficando totalmente pronta em 1913. 

    Dona Lydia, como costumavam chamar carinhosamente os habitantes do pequenino município de Pedras Altas, era vinte anos mais jovem que J. F. de Assis Brasil. Ele morrera aos 84 anos em 1938, em seu castelo. E ela com 96 anos,  já bem velhinha no ano de 1973. Os dois encontram-se enterrados no Cemitério da Boa Viagem, que fica no castelo.

     Apesar da vida distante em Pedras Altas, Dona Lydia acompanhou seu marido em diversos eventos diplomáticos, no período em que ele trabalhou como embaixador em diversos países. Assim como o famoso encontro com o Rei da Inglaterra, na época, Jorge V, em 1933. Em que sua filha Dolores, acompanhara seus pais e teve o privilégio de tomar chá com a tão querida e famosa monarquia britânica.

    Dona Lydia nunca parou. Foi uma dedicada mãe, sempre atenta em todos os detalhes para não faltar nada para a sua família. Apesar de que nenhum dos seus oito filhos frequentaram uma escola. A escola que foi até eles. Assis Brasil providenciava da Europa três a quatro professoras que vinham morar no Brasil, a fim de instruírem as crianças em ciências exatas e da natureza, história, cultura geral e idiomas como inglês, francês e alemão.

     Após 1938, ano em que Dona Lydia fica viúva, alguns de seus filhos já haviam casado e os netos começavam, aos poucos a chegarem. Além de uma costureira de “mão cheia”, ela passava o dia, se correspondendo e respondendo cartas de amigos e personalidades do mundo todo em diversos idiomas.

    Mais que uma nobre portuguesa, Lydia e Assis Brasil deixaram diversos legados que jamais devem ser esquecidos. Apenas para citar um deles: mesmo a família Assis Brasil, morando no luxo e requinte de um castelo de 44 cômodos, uma infinidade de quartos e banheiros, mobília toda vinda da Europa. 

     Mesmo assim ela e seus filhos souberam perfeitamente se adaptar as agruras de um exílio. Época da Revolução de 1923, em que seu marido Assis Brasil foi líder. 

     Estourando a Revolução de 1923, ela teve que fugir do castelo com seus filhos, de carruagem para o Uruguai. Levando o mínimo. Três dos cinco lugares que morariam, não passaria de um galpão velho, com piso de terra de chão batido. Não fosse a autenticidade e a humildade de sua personalidade, jamais teria suportado tão bem os mais de cinco anos de exílio.


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